Guignard et al. realizaram estudo em 2000 realizaram estudo e perceberam que as doses de remifentanil acima de 0,3 mcg/kg/min induziam a um maior consumo de opióide no pós-operatório e que o fentanil poderia estar sendo o responsável diretamente por este achado. A partir deste estudo os anestesiologistas resolveram respeitar esta dose como se fosse dose segura para prevenir o surgimento da hiperalgesia. Schmidt et al. realizaram estudo em 2007 demonstrando que este estado de hiperalgesia pode ser mais frequente em procedimentos com duração maior que 3 horas.
Em fim, a limitação a dose de 0,3, citada cima, permite-nos duvidar que todos os pacientes apresentem a mesma resposta favorável a esta dose, uma vez que seres humanos são complexos e biologicamente diferentes. A percepção sobre isto existe na prática clínica de diversas formas, tais como: uso de condutas diversas para impedir o surgimento da hiperalgesia induzida pelo opióide, associação de técnicas anestésicas, uso do outros opióides em associação com remifentanil e uso de doses maiores de opióides fortes antes mesmo do término da cirurgia. Um fármaco que requer tantos cuidados deveria ter suas indicações revistas uma vez que a satisfação do paciente no cenário das pesquisas clínicas vem sendo relegada a segundo plano.
São necessários mais estudos clínicos com delineamento adequado demonstrando que variáveis clínicas importantes como mortalidade, qualidade de vida e grau de satisfação são afetados positivamente pelo uso do remifentanil.
- Guignard B, Bossard AE, Coste C, et al. Acute opioid tolerance: intraoperative remifentanil increases postoperative pain and morphine requirement. Anesthesiology 2000;93:409-17.
- Schmidt S, Bethge C, Forster MH, Schafer M. Enhanced postoperative sensitivity to painful pressure stimulation after intraoperative high dose remifentanil in patients without significant surgical site pain. Clin J Pain 2007;23:605-11. doi:10.1097/AJP.0b013e318122d1e4.
- Konopka KH, van Wijhe M. Opioid-induced hyperalgesia: pain hurts? Br J Anaesth. 2010 Nov;105(5):555-7. doi: 10.1093/bja/aeq286.
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