terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Relaxantes musculares: viva o Naguib!

Resumo em linguagem simples


Os relaxantes musculares ou curares são substâncias químicas que são extraídas de plantas, principalmente da América do sul, e são utilizadas pelos índios para caçar animais e peixes. A substância é passada nas flechas e quando os animais são atingidos eles ficam paralisados e deixam de respirar. Seus principais representantes são as plantas Chondrodendron e Strychnos
Em anestesia são usados corriqueiramente para a realização da anestesia geral para paralisar a musculatura e permitir um melhor controle da respiração do paciente. 
Naguib é um pesquisador destes remédios e publicou que era benéfico para o paciente monitorizar a ação dos agentes de ação mais prolongada.


Texto para não leigos


A monitorização dos bloqueadores neuromusculares (BNM) auxilia na redução da dose, mas a principal preocupação de todo pesquisador é o benefício a longo prazo. Longo prazo para nós significa Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) e todo tempo de internação hospitalar.


A permanência de resíduo de relaxante muscular em um paciente na SRPA pode levar a quadros de hipoxemia, prolongamento do tempo de permanência em ventilação mecânica, possibilidade de edema pulmonar por pressão negativa, broncoaspiração com pneumonia e retardo da liberação do paciente do centro cirúrgico.


A pesquisa do Naguib mostra haver benefício na monitorização dos agentes de ação prolongada, mas não se vê o mesmo nos agentes de ação intermediária inclusive no texto integral ele refere que tanto faz usar ou não monitor nestes casos. Aqueles que defendem acham que ele está correto porque a maioria dos anestesistas do mundo nem sequer usa o monitor e não há relatos de complicações fatais e os que são contra dizem que ele não incluiu os resultados do Brasil e isso poderia modificar seus resultados.


Ora, se no mundo aproximadamente 70% dos anestesistas não usa este monitor quanto será a cifra no Brasil. Acredito que 5% é que não seja. Ele poderia dizer que não incluiu devido a qualidade metodológica dos trabalhos do Brasil, mas cabe a ele dizer não eu. Em metanálise a qualidade ruim inicialmente não exclui o estudo da análise, mas em um segundo momento utilizam-se estudos com bons resultados.



Naguib M, Kopman AF, Ensor JE. Neuromuscular monitoring and postoperative residual curarisation: a meta-analysis. Br J Anaesth. 2007;98(3):302-16. PMID: 17307778. Free.


Resumo

Foi realizada uma meta-análise para examinar o efeito da monitorização intra-operatória da função neuromuscular sobre a incidência de curarisação residual pós-operatório (PORC). PORC foi considerada presente quando um paciente tem um trem-de-quatro ratio (TOF) de <0,7 ou <0,9. Foram analisados ​​dados de 24 estudos (3.375 pacientes) que foram publicados entre 1979 e 2005. Foram excluídos os dados sobre mivacúrio desta meta-análise porque somente três estudos examinaram a incidência de PORC associados ao seu uso. Agentes de ação longa e de ação intermediária tinham sido dados a 662 e 2.713 pacientes, respectivamente. A função neuromuscular foi monitorada em 823 pacientes (24,4%). Um estimulador de nervos periféricos simples foi utilizado em 543 pacientes e um monitor objectivo foi usada em 280. A incidência de PORC foi encontrado para ser significativamente mais baixa depois do consumo de drogas intermediários de bloqueio neuromuscular. Não foi possível demonstrar que a utilização de um monitor de função neuromuscular intra diminuiu a incidência de PORC.


Abstract

We conducted a meta-analysis to examine the effect of intraoperative monitoring of neuromuscular function on the incidence of postoperative residual curarisation (PORC). PORC has been considered present when a patient has a train-of-four (TOF) ratio of < 0.7 or < 0.9. We analysed data from 24 trials (3375 patients) that were published between 1979 and 2005. We excluded data on mivacurium from this meta-analysis because only three studies had examined the incidence of PORC associated with its use. Long- and intermediate-acting neuromuscular blocking drugs had been given to 662 and 2713 patients, respectively. Neuromuscular function was monitored in 823 patients (24.4%). A simple peripheral nerve stimulator was used in 543 patients, and an objective monitor was used in 280. The incidence of PORC was found to be significantly lower after the use of intermediate neuromuscular blocking drugs. We could not demonstrate that the use of an intraoperative neuromuscular function monitor decreased the incidence of PORC.

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